sábado, 18 de abril de 2009

A Magia de ALAN MOORE: o poder das ideas através da ficção, arte e génio





Li no outro dia uma rara entrevista extensiva ao Alan Moore(Watchmen,86/87, V for Vendetta, 82 etc) Pode dar origem a debate mas é muitas vezes visto como o mais impactuante escritor de Banda Desenhada de todos os tempos. Também génio, obcecado pelo detalhe, escritor, mágico(literalmente) e intelectual.
Como muitos génios, raramente mostra a cara e tem relação ambivalente com a comunicação social, não quer saber de dinheiro quando podia facilmente ser milionário e é acima de tudo um humanista. Retirei com grande inspiração da sua entrevista que é quase enciclopédica e tematicamente muito desorganizada:

1º Moore acredita no poder infinito da ficção criativa e o impacto revolucionario que um bom contador de estórias pode ter. Contadores de estórias/passadores de sentimentos: Poetas, realizadores, pintores, Mágicos, Musicos, MCs...Artistas.

E que toda boa história, tem um principio, meio e fim. Mas, não necessáriamente nessa ordem.

2º A relação dinheiro/criatividade. Moore riscou o seu nome de todos os filmes baseados nas suas obras e encara prémios com difuldade, devido á sua perspectiva negativa da sociedade de consumo competitiva e da obcessão que esta preserva com a méritocracia. Ele veio da pobreza extrema, foi expulso da sua escola conservadora e portanto de certa forma ensinou-se a si próprio, o que é fenomenal. Considera que quando se tem quantidades ridiculas de dinheiro, como os estudios de Hollywood têm, sobretudo na produção de filmes de ficção e BD, ser-se criativo/artistico é impossivel, mesmo porque em termos de retorno as pressões para formatação, para a eleição de enredos aguádos e diluídos, e para o emburrecimento da arte em nome do lucro são implacáveis. Daí o meu 3º Ponto, sem fundamentalismos, Arte e negócio são mundos á parte. Portanto quem faz arte com o intuito principal de fazer dinheiro, não é artista, é empresário, é homem de negócios. Arte é dificil, implica suor, treino, imaginação, dedicação, criatividade, e muitas vezes resulta no inédito, no novo, no singular, no especial, no verdadeiro, no cru, no eterno. Quando se faz negócio é impossivel manter essas caracteristicas intactas, porque enquanto produto de massas, não funciona. Arte tem tendência a ser lembrada para sempre, mas raramente como produtos de consumo banal.

Daí á primeira obra dos artistas que conhecemos ser geralmente aquela que mais apreciamos. Depois, em norma, há pressão de vendas, de publico, pressão pessoal, pressão de formatação, de conformidade, para que se proporcione um produto rentável e massificável. Não é regra, mas quase. Só as excepções, só os mais iluminados conseguem ter longevidade criativa e artistica, só os Alan Moores, Mccartneys, Morrisseys, Bob Dylans, Bob Marleys, KRS-ones, conseguem tal estatuto. Daí o meu 4º Ponto, para tal, temos de nos aliviar dos pontos de pressão, defini-los e corta-los do nosso circulo. Gerir a nossa exposição, método de trabalho, equipa de trabalho e companhias, diz Moore. A nivel holistico, as motivações têm de partir de dentro, TU é que tens de querer fazer não porque o publico exige ou quer.

5º Mundança e Fundamentalismos
Moore, fã tal como eu, aprendeu com Dylan, que a mudança é inevitável, tal como o tempo, e mexe com a natureza de todas as coisas. Portanto a mudança de um artista ao longo do tempo é incortonável, assim como as suas ideias, motivações, crenças e lutas. Uma piramide de Maslow em constante reorganização. Portanto, mesmo que um artista se debruce apaixonadamente sobre um assunto e amanhã se contradiga, lembrem-se que ele é apenas humano e volto a sublnhar que a mudança de perspectiva não é apenas necessária mas inevitável. Essas mudanças acontecem no entanto, num espaço de tempo, e são mudanças interiores, toda gente sabe que mudar é dificil, e que nós, enquanto espécie somos criaturas de hábitos, portanto mudanças repentinas e constantes por parte dos vossos artistas só devem ser aceites, se forem genuínas e sustentadas e justificadas pelo novo corpo de trabalho. Afinal uma das maiores prendas que a sociedade moderna nos deu, senão a maior prenda, é o livre arbitrio.


Conclusão:
Vida e feitos de Moore na diversidade

Moore é conhecido pela sua atenção meticulosa para com o detalhe, cujas obras têm quase sempre multi-enredos paralelos numa espiral de eventos que levam a conclusões muitas vezes brilhantes e devastadoras devido ao momentum e aparato criado pela complexidade embrincada do seu estilo narrativo.
Clássicos há bués, saliento The Watchmen, facilmente uma das melhores obras de ficção que li, e é considerado pela revista TIME, entre as 100 maiores obras literárias do sec 20. Alan Moore tem status de Deus em qualquer forum literário ou de BD mas é apenas humano, e como tal, tbm tem criações falhadas. O que o separa da maioria, na minha perspectiva, para além do seu conhecimento sem paralelo daquilo que é uma boa história, é o seu conhecimento intimissimo da natureza humana e a eventual capacidade de destilar essa sabedoria nas suas personagens. Essa skill, permite-o brincar com teorias politicas, moralidade, humor, enfim, aquilo que ele quiser, com relativa facilidade, devido ao leque de diversidade do seu conhecimento e poço de imaginação sem fundo.
A entrevista, deixa-nos com a sensação que ele conhece todas as estórias tão bem como todas as personagens de ficção alguma vez criadas: Biblia, Estorias classicas de embalar, desde o "Rei vai nu" ao "Peter Pan", literatura classica, Mary Shelly, Oscar Wilde, assim como livros de quimica, fisica, mundo animal, teologia, filosofia, enfim...O homem é uma enciclopedia, e isso transpira nas suas obras. Tem uma paixão por magia, e o debate entre magia e ciência. Entre digamos, o mundo imaginário e o real. Considera que essas paixões são aquilo que o fazem excepcional no que faz. portanto, 6º diz-nos que um bom mágico, nunca vai ser bom magico se só souber de magia, um bom jogador de poker nunca vai ser bom jogador de poker, se só souber de bluffs e cartas. Salienta o quão crucial é termos conhecimentos sobre outras coisas, ramos, e paixões para sermos bons naquilo que fazemos.
Já tinha visto essa teoria da diversidade inspiracional antes, explanada por Oscar Nyemeyer, arquitecto lendário, que entre outras coisas, desenhou a capital de Brasília,Brasil.
Moore, encontra-se nos estágios finais do seu livro "Jerusalem" titulo provisório, que já conta com 3/4s de um milhão de palavras. excêntrico, fascinante, profundo, assim é Alan Moore. As suas teorias sobre o mundo são muito válidas mas demasiado longas para encaixar neste contexto, é um homem da simbologia, das palavras, um vigilante, um catalizador de mudança, um estudioso do comportamento humano, um dos maoires peritos da arte de contar estórias, um mágico e Deus da Banda Desenhada



Personagens e trabalhos que Moore criou:
Joker - o anarquista interpretado por Heath Ledger, galardoado com o óscar póstumo. O Comediante/Rocharsch da série gráfica The Watchmen. "Liga dos cavalheiros Extraordinarios". Revolução das personagens e enredos do Universo DC comics. Batman. Lanterna verde. "From HEll" (estória mais doentia alguma vez escrita sobre jack, estripador)

Léxico: Tentativa de por em Português uma extensiva e anárquica entrevista a Alan Moore numa revista sci fi Inglesa. Génio. Banda desenhada. Arte?. Arte/criatividade vs. Negócio. ficção. narrativa. fundamentalismos. Mudança. Diversidade. Poder da comunicação. Ideias.


Salvamarte

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